Acordo ortográfico, explicado por um moçambicano…

Um mail que me enviaram que dedi­co aos meus ami­gos moçambicanos:

«Eh Oena, Lhe Can,

Nós aqui em Moçam­bique sabe­mos que os mulun­gos de Lis­boa fiz­er­am um acor­do ortográ­fi­co com aque­le tocoloc­ma do Brasil que tem nome de peixe. A min­ha respos­ta é: naila. Os mulun­gos não pensem que chegam aqui e buis­sa saguate sem milan­do, porque pen­sam que o moçam­bi­cano é bon­go­lo. O moçam­bi­cano não é bon­go­lo não; o moçam­bi­cano esti­va xilande. Essa bula bula de acor­do ortográ­fi­co é como babal­aza de chope: quan­do a gente acor­da man­gua­na, se vai ticumzar a mamana já não tem estale­ca e nem sequer sabe onde é o xit­o­mbo, e a gente arran­ja timaca com a nos­sa família.

E como pode o mufana moçam­bi­cano falar com um madala? Em por­tuguês, nat­u­ral­mente. A lín­gua por­tugue­sa é de todos, incluin­do o mula­to, o bal­abas­so e os baneanes. Por exem­p­lo: em Por­tu­gal dizem “auto­car­ro” e está no dicionário; no Brasil falam “bus” e está no dicionário; aqui em Moçam­bique falam­os “machim­bom­bo” e não está no dicionário. Porquê? O moçam­bi­cano é machim­ba? Machim­ba é aque­le con­goa­ca do Sócrates que pen­sa que é chibante e que fuma nos tape, jun­to com o chicon­ho­ca min­istro da econo­mia de Lis­boa. O Sócrates não pen­sa, só faz tchócótchá com o th’x­ouco dele e aqui­lo que sai é só matope.

Este acor­do ortográ­fi­co é can­gan­hiça, chicuem­bo chan­haca! Aqui na min­ha ter­ra a gente fez uma ban­ja e decid­iu que não podemos aceitar.

Bayete Moçam­bique!

Ham­ba­n­ine.»

Assi­na: Manuel Muanamucane

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