A causa profunda dos problemas de governação está no sistema eleitoral

A seguir repro­du­zo um tex­to que li no Face­book, que fala sobre o esta­do da democ­ra­cia em Por­tu­gal, sis­temas eleitorais, o nos­so e como o mel­ho­rar. Algo lon­go, mas muito esclare­ce­dor. Con­segue ain­da jus­ti­ficar o por quê de serem sem­pre as mes­mas caras na nos­sa políti­ca, des­de há muitos anos para cá.

Por Jorge Tavares a Segun­da-feira, 10 de Setem­bro de 2012 às 0:34

Há vários anos que pen­so inten­sa­mente no que há de erra­do com a políti­ca e gov­er­nação de Por­tu­gal. Cheguei a uma con­clusão clara: a raiz do prob­le­ma está no sis­tema eleitoral.

É assim porque ao con­trário do que se ver­i­fi­ca em qual­quer democ­ra­cia genuí­na, o sis­tema eleitoral por­tuguês não con­fere qual­quer poder de escrutínio sobre os políti­cos. Por­tu­gal é quase o úni­co País europeu cujo sis­tema eleitoral não per­mite aos eleitores escol­herem o can­dida­to em que querem votar para os rep­re­sen­tar no par­la­men­to. Isso tem con­se­quên­cias gravís­si­mas em ter­mos de desem­pen­ho económi­co, ren­o­vação inter­na dos par­tidos e corrupção.

A maio­r­ia dos por­tugue­ses jul­ga que “Por­tu­gal é uma democ­ra­cia”, talvez porque os por­tugue­ses “têm o voto”. Mas quase ninguém olha para o que o nos­so voto decide: QUASE NADA. Em Por­tu­gal, as ver­dadeiras “eleições”, já tiver­am lugar sem­anas antes, quan­do os par­tidos fiz­er­am as suas lis­tas. É por isso que os par­tidos querem sem­pre muito tem­po para as preparar, mes­mo em esta­do de emergên­cia nacional. É porque são essas lis­tas que deci­dem quase tudo. Em par­tic­u­lar, podem garan­tir um lugar no par­la­men­to, mes­mo quan­do o par­tido tem uma grande der­ro­ta nas eleições.

Os por­tugue­ses estão reduzi­dos a “votar” em lis­tas cuja ordem já foi deci­di­da… pelos próprios políti­cos! Este tipo de “voto” col­ide com alguns princí­pios fun­da­men­tais da democ­ra­cia. Quan­do a ordem dos can­didatos nas lis­tas dos par­tidos não depende das escol­has dos eleitores, tem de depen­der de algu­ma out­ra coisa — e qual­quer que seja essa out­ra coisa, já não é democracia.

O que fal­ta aos por­tugue­ses é o VOTO NOMINAL. Este voto diz-se “nom­i­nal” porque o eleitor encon­tra NOMES no bole­tim de voto. Não são pre­cisos cír­cu­los uni­nom­i­nais para haver voto nom­i­nal. Os cír­cu­los uni­nom­i­nais são assim chama­dos porque o cír­cu­lo só elege um nome, uma pes­soa. As eleições para a presidên­cia da repúbli­ca por­tugue­sa são as úni­cas eleições em Por­tu­gal com voto nom­i­nal — mas para um car­go não-exec­u­ti­vo e não-leg­isla­ti­vo. Por aca­so, são uni­nom­i­nais: o “cír­cu­lo” (toda a Nação) elege ape­nas um dos candidatos.

Os políti­cos por­tugue­ses gostam de se referir ao nos­so sis­tema par­tidocráti­co como “sis­tema rep­re­sen­ta­ti­vo”. É um LOGRO, pois de rep­re­sen­ta­ti­vo, este sis­tema não tem nada. Para que o sis­tema mere­cesse ser apel­i­da­do de “rep­re­sen­ta­ti­vo”, seria essen­cial que hou­vesse uma relação direc­ta entre as prefer­ên­cias dos eleitores e a ida de deter­mi­na­do can­dida­to para o par­la­men­to. Um “rep­re­sen­tante” só o é, se for ESCOLHIDO pelos rep­re­sen­ta­dos, PREFERIDO entre várias escol­has. Se nós não podemos escol­her o mem­bro da lista que quer­e­mos para dep­uta­do, esse alguém NÃO nos rep­re­sen­ta. Segu­ra­mente que os dep­uta­dos por­tugue­ses rep­re­sen­tam alguém… mas não é quem vota.

O ver­dadeiro nome do nos­so sis­tema eleitoral é “sis­tema pro­por­cional de lis­tas fechadas”, queren­do “fechadas” (ou blo­queadas) diz­er que a ordem das lis­tas é IMPOSTA pelo par­tidos em vez de ser deter­mi­na­da pelos eleitores. Na Europa além de Por­tu­gal, já são poucos os país­es que o usam. Fac­to curioso: incluem a Albâ­nia, Ucrâ­nia e Rús­sia… É com ess­es País­es que nos quer­e­mos com­parar em ter­mos de democracia?

(Fonte: Wikipedia “closed list”)

As eleições leg­isla­ti­vas por­tugue­sas têm VENCEDORES ANTECIPADOS. São os can­didatos em “lugares elegíveis”: lugares que dão ao can­dida­to a GARANTIA de que vai ser dep­uta­do, duma maneira que nada tem a ver com as prefer­ên­cias do eleitora­do. Isto pode ser com­pro­va­do pesquisan­do a expressão “lugares elegíveis” na Inter­net. Se usar­mos o Google, bas­ta ler as “gor­das” das primeiras pági­nas, respei­tantes a páginas/notícias de jor­nais feitas ao lon­go dos anos. No meio das ocor­rên­cias encon­tradas, encontramos:

- “Lugares elegíveis devem ser reser­va­dos a mulheres”

- “Hele­na Rose­ta quer dois lugares elegíveis na lista de António Costa …”

- “Os can­didatos do PS em lugares elegíveis — Políti­ca — PUBLICO.PT

- “Três vimara­nens­es do PSD em lugares elegíveis às leg­isla­ti­vas, mas (..)”

- “Isabel Cas­tro sai de lugar elegív­el — JN

- “Juven­tude Social­ista espera ter oito dep­uta­dos em lugares elegíveis”

Em suma, assume-se como pres­su­pos­to que há lugares no par­la­men­to que estão RESERVADOS e que quem quer ser dep­uta­do, não deve pedir votos aos eleitores, mas aos caciques dos prin­ci­pais par­tidos, quan­do estes elab­o­ram as lis­tas. 

Con­vi­do todos a per­guntarem-se se esta práti­ca é com­patív­el com o princí­pio de que “em eleições democráti­cas, não há vence­dores ante­ci­pa­dos”. Esta exac­ta frase, ouvi‑a ser pro­feri­da por Manuel Ale­gre, na qual­i­dade de can­dida­to pres­i­den­cial. Tam­bém ouvi José Sócrates pro­ferir uma frase pare­ci­da nas eleições leg­isla­ti­vas de 2011. Claro, ess­es políti­cos não se refe­ri­am aos “lugares elegíveis”, mas o princí­pio que citavam apli­ca-se-lhes tam­bém. Cada vez que os políti­cos por­tugue­ses fazem refer­ên­cia a esse princí­pio, estão implici­ta­mente (e inad­ver­tida­mente) a afir­mar que Por­tu­gal não é democráti­co — ou pelo menos, não o é inteira­mente.

Com este sis­tema eleitoral, não é pos­sív­el negar o voto aos políti­cos, pois os nomes deles não apare­cem nos boletins de voto. Alguns país­es aten­uaram esta fal­ta de rep­re­sen­ta­tivi­dade com a real­iza­ção de primárias (cf. Wikipedia “closed list”), para envolver os cidadãos na elab­o­ração das lis­tas. Em Por­tu­gal, nun­ca se realizaram primárias. Quan­do António José Seguro assum­iu a lid­er­ança do PS, propôs que o PS pas­sasse a realizar primárias. Depres­sa os mil­i­tantes mataram essa ideia.

Uma maneira de insti­tuir o dire­ito de negar o voto aos políti­cos seria tratar os votos bran­cos como um par­tido políti­co para efeitos de atribuição de lugares. Porém, no sis­tema por­tuguês os votos bran­cos não entram nas con­ta­gens. Além dis­so, a imposição da (actu­al) con­sti­tu­ição de que o número de dep­uta­dos seja de pelo menos 180 col­ide com uma tal medida.

Tam­bém não é pos­sív­el negar o voto aos par­tidos, pois o par­la­men­to enche-se sem­pre com 230 dep­uta­dos, não impor­ta quan­tos votem. Usan­do um deter­mi­na­do con­jun­to de lis­tas eleitorais, duas eleições — uma com 99% do eleitora­do e out­ra com 1% — podem resul­tar em EXACTAMENTE o mes­mo elen­co par­la­men­tar.O “voto” dos por­tugue­ses só per­mite cal­i­brar (a fino) a dis­tribuição rel­a­ti­va dos 230 deputados.

Uma maneira de sus­ten­tar o dire­ito de se negar o voto aos par­tidos seria per­mi­tir a can­di­datu­ra de lis­tas de cidadãos inde­pen­dentes dos par­tidos. Porém, essa via tam­bém não é per­mi­ti­da aos portugueses.

Um voto em lis­tas cuja ordem já foi deci­di­da não elege nem escrutina.

Os proces­sos eleitorais com este regime já duram há décadas. Os par­tidos tiver­am tem­po para se orga­ni­zar no sen­ti­do de explo­rar ao máx­i­mo o poder, imu­nidade e impunidade que o sis­tema lhes con­fere. Não é pois de admi­rar que haja tan­ta cor­rupção em Por­tu­gal: este sis­tema eleitoral parece per­feito para prop­i­ciá-la. Há cor­rupção porque os lóbis têm mais poder do que os eleitores — sobre­tu­do no par­la­men­to, a casa da par­tidoc­ra­cia.

Con­vém com­preen­der que, quan­to mais fra­ca é a influên­cia do eleitora­do sobre os dep­uta­dos e gov­er­nantes, mais forte é a influên­cia de out­ras “forças”. Nun­ca há vazios de poder. Como o nos­so sis­tema eleitoral neu­tral­iza toda a capaci­dade de escrutínio que o voto democráti­co pode­ria (e dev­e­ria) ter, os gru­pos de inter­esse tiver­am o cam­in­ho aber­to para o cap­turar o par­la­men­to. O eleitora­do é impe­di­do de exercer a sua função de con­trape­so à influên­cia dos lóbis no par­la­men­to, de modo que é fácil para os lóbis man­ter lig­ações ocul­tas com dep­uta­dos. Estes per­pet­u­am-se no par­la­men­to, numa situ­ação estáv­el e blinda­da con­tra as prefer­ên­cias dos eleitores.

Sem voto nom­i­nal, são os gru­pos de inter­esse que são rep­re­sen­ta­dos no par­la­men­to, não os eleitores.

Assim, os par­tidos trans­for­maram-se em máquinas de sug­ar recur­sos da sociedade e da econo­mia (antes eu dizia que eram máquinas de dis­tribuir empre­gos; porém, fui-me aperceben­do de que a real­i­dade é ain­da mais sis­temáti­ca e alar­mante, graças às denún­cia de enti­dades como Med­i­na Car­reira, José Gomes Fer­reira, Paulo de Morais, o Movi­men­to Rev­olução Bran­ca e out­ros). O par­la­men­to pos­sui um poder quase abso­lu­to sobre os por­tugue­ses. Após cap­turarem o par­la­men­to, os par­tidos “de poder” cap­turaram todas as insti­tu­ições inde­pen­dentes e des­or­ga­ni­zaram as restantes no sen­ti­do de as tornar inefi­cazes enquan­to agentes de escrutínio (sis­tema de justiça) ou até de ideias (sis­tema educativo).

Como fun­ciona a ren­o­vação inter­na dos partidos?

Cos­tu­ma diz­er-se, a respeito do regime de par­tidos de Por­tu­gal, que “o sis­tema não é refor­máv­el por den­tro”. Claro que não é! Este tipo de sis­temas NUNCA é refor­máv­el por den­tro. A ren­o­vação dos par­tidos é SEMPRE dirigi­da por pressões exter­nas. Nos regimes democráti­cos, essas pressões são os votos em eleições, que trans­mitem aos par­tidos os sinais sobre os políti­cos que mere­cem pro­gredir (porque têm votos) e os políti­cos que devem sair de cena (porque ninguém  vota neles). Mas para isso fun­cionar, os votos têm de ser em nomes, i.e. NOMINAIS! A ausên­cia de voto nom­i­nal abafa os sinais que o eleitora­do por­tuguês tem para enviar aos par­tidos. A ausên­cia de voto nom­i­nal impede o eleitora­do por­tuguês de desem­pen­har o seu papel na ren­o­vação inter­na dos par­tidos.

Graças à blindagem con­tra o escrutínio, per­pet­u­am-se os caciques par­tidários. Ape­nas os que têm a sua anuên­cia sobem nas estru­turas dos par­tidos. Como já decor­reu muito tem­po des­de que o actu­al sis­tema foi insti­tuí­do, o pes­soal que dom­i­na os apar­el­hos já é o da segun­da ger­ação. São os chama­dos “jot­in­has”: pes­soas que ingres­saram nos par­tidos quan­do eram novas demais para terem cur­sos supe­ri­ores ou exper­iên­cia profis­sion­al. Viver­am des­de sem­pre ali­men­tadas pela par­tidoc­ra­cia. Não têm cur­rícu­lo profis­sion­al e nun­ca tra­bal­haram despro­te­gi­das. Viver­am sem­pre das “ren­das” que a par­tidoc­ra­cia lhes dava. Isto expli­ca porque razão o sis­tema não é estáv­el: num País com um sis­tema destes, a situ­ação nun­ca parará de se degradar. Mes­mo com a primeira ger­ação, ain­da muni­da de mui­ta gente com­pe­tente, expe­ri­ente e hon­ra­da, Por­tu­gal entrou na ban­car­ro­ta por duas vezes — a actu­al ban­car­ro­ta é a ter­ceira (!) des­de o 25/Abril. É pre­visív­el que com a “ger­ação jot­in­ha”, o desem­pen­ho de Por­tu­gal seja ain­da pior.

É impos­sív­el resolver o prob­le­ma de Por­tu­gal sem intro­duzir o voto nom­i­nal no sis­tema eleitoral. O cam­in­ho que pro­pon­ho é insti­tuir a eleição nom­i­nal dos dep­uta­dos. Enquan­to isto não acon­te­cer, os por­tugue­ses serão gov­er­na­dos por políti­cos que detes­tam, que não querem em car­gos de poder, mas cuja “eleições” não podem travar.

Que mod­ern­iza­ção do sis­tema eleitoral por­tuguês deve ser proposta?

Ideal­mente, qual­quer novo sis­tema eleitoral deve:

1) dar o dire­ito de se negar o voto, quer a par­tidos, quer a políti­cos individuais.

2) Deve esta­b­ele­cer uma relação direc­ta entre os votos e TODOS os lugares de dep­uta­dos (sem coutadas reser­vadas, nomeada­mente na for­ma dum cir­cu­lo nacional com lis­tas “fechadas” — a exi­s­tir, um tal cír­cu­lo nacional deve ser uma lis­tas aber­ta — à orde­nação pelos votos).

3) Deve ser sim­ples (para favore­cer a fácil com­preen­são do povo por­tuguês e evi­tar a eterniza­ção de nego­ci­ações entre bancadas).

Mas não chega um sis­tema eleitoral ser “bom”. É pre­ciso ten­ha car­ac­terís­ti­cas tais que neu­tral­ize os argu­men­tos que os par­tidocratas do actu­al regime vão garan­ti­da­mente “con­stru­ir” para matar a proposta.

Assim, a refor­ma eleitoral a pro­por deve também:

a) Evi­tar prej­u­dicar uns par­tidos em relação a out­ros, pois qual­quer pro­pos­ta que o faça angaria ime­di­ata­mente ess­es par­tidos con­tra a causa. Bas­ta ver o que acon­tece com a mera diminuição do número de dep­uta­dos: os “grandes” não se impor­tam, os “pequenos” são clara­mente con­tra. O proces­so fica logo envenenado.

b) Evi­tar dar margem para (bons) argu­men­tos para ser rejeita­da. Logo, deve procu­rar ser o mais mod­er­a­da e pací­fi­ca que possível.

c) Não ser vul­neráv­el a acusações de ser “uma aven­tu­ra”. Isto apon­ta para a exclusão de pro­postas “exper­i­men­tal­is­tas”, tipo “democ­ra­cia direc­ta”, ou de novos sis­temas “inven­ta­dos”. Pelos mes­mos motivos, tam­bém se deve evi­tar pro­postas de sis­temas con­heci­dos, mas muito difer­entes do actual.

Cír­cu­los uninominais?

Pelos motivos apre­sen­ta­dos, não é uma estraté­gia real­ista pro­por uma mudança do nos­so sis­tema para cír­cu­los uni­nom­i­nais. É de fac­to um sis­tema mel­hor do que o nos­so sis­tema (actu­al) do pon­to de vista da maio­r­ia dum eleitora­do. Pro­move a ren­o­vação inter­na dos par­tidos e não per­mite vence­dores ante­ci­pa­dos. Porém, é muito difer­ente do nos­so: logo, é uma “aven­tu­ra”. Pior, é alta­mente não-pro­por­cional, o que prej­u­di­ca algu­mas fran­jas dum eleitora­do e seus par­tidos rep­re­sen­tantes. Do pon­to de vista das reais hipóte­ses de vin­gar em Por­tu­gal é muito mau, pois requere­ria o delim­i­tar de muitos cír­cu­los eleitorais. Até abriria out­ros debates, por exem­p­lo sobre quan­tos cír­cu­los deve haver! Muito com­pli­ca­do. É evi­dente que as nego­ci­ações entre ban­cadas par­la­mentares (e con­sti­tu­intes — pois é necessária uma revisão con­sti­tu­cional) eternizar-se-iam — muito con­ve­niente para caciques par­tidários deci­di­dos a sab­o­tar quais­quer pro­postas de os sub­me­terem a um genuíno escrutínio democráti­co. Um tal proces­so de refor­ma não é exe­quív­el e acabaria por morrer.

Feliz­mente, há uma solução que preenche todos os req­ui­si­tos: o sis­tema pro­por­cional de lis­tas abertas.

(Fonte: Wikipedia “open list”)

O sis­tema de lis­tas aber­tas fun­ciona em muitos país­es europeus, incluí­do Áus­tria, Bél­gi­ca, Dina­mar­ca, Fin­lân­dia, Holan­da, Norue­ga, Sué­cia, Suíça, etc.

Até o Brasil usa lis­tas aber­tas: pre­sen­te­mente, o Brasil é um país mais democráti­co do que Por­tu­gal!

Se quis­er­mos, o sis­tema de lis­tas aber­tas pode ser exac­ta­mente igual ao nos­so, excep­to que a ordem de atribuição dos lugares de dep­uta­do é em função de quem tem mais votos. Con­siste em meter as lis­tas dos par­tidos nos boletins de voto e deixar que cada eleitor escol­ha um nome (i.e., voto nom­i­nal). A ordem pela qual os lugares do par­la­men­to são atribuí­dos em função de quem tem mais votos. Se quis­er­mos, todo o resto do actu­al sis­tema pode man­ter-se como actual­mente, incluin­do a pro­por­cional­i­dade (entre votos e dep­uta­dos) e o méto­do de D’Hondt. Para isso, bas­ta que um voto num can­dida­to con­te tam­bém como voto na lista a que esse can­dida­to per­tence. Deixa de haver “lugares elegíveis” e can­didatos com a garan­tia prévia de terem um lugar. Ou seja, pas­sa a haver escrutínio.

Resumo:

Basi­ca­mente, a mod­ern­iza­ção do sis­tema eleitoral de Por­tu­gal com mais hipóte­ses de vin­gar con­siste em:

1) man­ter o sis­tema pro­por­cional, com exac­ta­mente os mes­mos cír­cu­los eleitorais, mas pas­san­do de lis­tas fechadas para lis­tas aber­tas.

O voto num can­dida­to con­ta tam­bém como um voto na lista a que esse can­dida­to per­tence. Des­ta maneira, o méto­do de D’Hondt pode con­tin­uar a ser usa­do exac­ta­mente como até ago­ra. Em suma: o voto nom­i­nal des­ti­na-se a deter­mi­nar a ordem das lis­tas eleitorais; nada mais.

2) per­mi­tir a can­di­datu­ra de lis­tas de cidadãos inde­pen­dentes, não lig­a­dos aos par­tidos. Des­ta maneira, con­fere-se aos eleitores algum dire­ito de negar o voto aos partidos.

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