[O] dia começou como esperava às 5h30. Hora de acordar. Estava um frio de rachar e eu só tinha uma camisoleca de meia estação comigo. Felizmente no jipe havia cobertores. No dia anterior tínhamos falado com um dos guias do Kruger Park que afinal era mesmo o nosso. Primeiro foram as apresentações. Ele chamava-se Clint. Tal como o Eastwood…
Ele começou com um breefing sobre as principais normas de segurança no parque, principalmente não colocarmos nenhuma parte do corpo fora do jipe. A explicação é simples: os animais conseguem-nos sentir pelo cheiro, mas pensam que esse cheiro é o próprio jipe; se colocarmos alguma parte de corpo fora do jipe alteramos o perfil deste, sendo óbvio para os animais, principalmente os predadores e os maiores (rinocerontes, hipopótamos, búfalos e elefantes) que há algo mais dentro do jipe. Depois deste breefing, lá seguimos nós para dentro do parque propriamente dito. Quando saímos do hotel o sol esta a começar a raiar.

Nascer do Sol no Kruger
Pelo caminho falou-nos dos “Big Five”. São os animais de eleição do parque: o leão, o rinoceronte, o elefante, o búfalo e o leopardo.
Os primeiros animais que vimos são os mais comuns do Kruger Park, as impalas. O guia chamou-lhes o MacDonald’s da selva. Há-as em todo o lado e em abundância. As primeiras que vimos foram dois jovens machos a treinar as lutas que os farão mais tarde ter descendência.

Impalas
O primeiro dos Big Five que encontrámos foi o rinoceronte. Deste vez foi uma família, com um bebé com cerca de 150kg!

Rinoceronte fêmea e a sua cria
O Clint mantinha-se em contacto permanente via telemóvel (quando tinha rede), mas principalmente através de rádio CB. É comum as pessoas que andam no Kruger comunicarem umas com as outras acerca dos animais que encontram.
Antes do pequeno almoço ainda vimos kudus. São a segunda espécie de antílope mais comum no parque e têm riscas no corpo muito características. Como sempre, tivemos que esperar que uma pequena manada atravessasse o caminho.

Kudu macho
O pequeno almoço estava destinado a ser numa área própria dentro do parque, com mesas, bancos, que nem parque de merendas. Antes de irmos para lá, ainda seguimos o rasto de excrementos de elefante até um jovem macho. Os machos adultos, a não ser na altura do cio das fêmeas, andam sempre sozinhos.

Elefante jovem macho
Depois, o Clint recebeu uma mensagem no rádio que o deixou em polvorosa… Tinham sido avistados leões. Ele avisou logo que os leões, durante o dia então quase sempre a dormir, ou pelo menos, a descansar. O Rei da Selva não tem que se preocupar com predadores, por isso descansa em qualquer lado, mas principalmente à sombra.

Leão a descansar ao sol da manhã
O sítio onde tomámos o pequeno almoço estava infestado de pássaros à procura de comida fácil. Achei muito engraçados os calaus de bico amarelo e uma espécie de estorninho com penas de azul metálico muito bonito.

Calau de bico amarelo à espera de comida
Estes bichos andavam por cima das mesas, quase roubando o comer da mão das pessoas. E eram às dezenas.
Neste espaço também se vendiam lembranças. Ainda trouxe um chapéu tipicamente sul-africano, uma t‑shirt e uns ímans para o frigorífico.
Isto passou-se por volta das 9 horas da manhã. Às 9h30 já estávamos a andar pelo parque outra vez, em busca de mais coisas para ver.
O mais espectacular do dia todo foi quando deparámos com uma manada de uns 40 elefantes que se lembrou se atravessar o caminho à nossa frente. Claro que tivemos que esperar que eles passassem todos, senão arriscávamo-nos a ser atropelados por eles.

Manada de elefantes a atravessar a estrada
Foi impressionante reparar na inteligência destes bichos. As fêmeas mais velhas colocaram-se entre o jipe e o resto da manada enquanto atravessavam e só saíram do sítio quando os mais jovens atravessaram todos a estrada.
Depois desta cena espectacular ainda vimos crocodilos, tartarugas e um hipopótamo numa das poucas zonas com água do parque.
Ainda houve tempo para ver mais um dos Big Five, o búfalo. É um animal mesmo feio e mal encarado. E, segundo o Clint, um dos mais perigosos, pois ataca sem aviso.
Para muita pena nossa, acabou o safari pouco tempo depois. Ainda houve tempo para uma foto de grupo na ponte sobre o Crocodile River.

A malta
Fomos almoçar à povoação mais próxima, chamada Malelene. Incrivelmente, o super-mercado/take-away que encontrámos era gerido por portugueses. Essa praga que se vê em qualquer sítio do Mundo onde vou…
Após o almoço, lá seguimos pela estrada N4 até Maputo, mas desta vez não houve enganos. Foi só seguir em frente.

Estrada N4