Ratos atrás do queijo

Tex­to reti­ra­do de um comen­tário à notí­cia ““Não é ver­dade que a maio­r­ia dos por­tugue­ses este­ja con­tra a aus­teri­dade””, pub­li­ca­da no Jor­nal de Negó­cios, por um leitor auto-inti­t­u­la­do XIZUM:

Não à aus­teri­dade cega!
A meu ver, o que está a acon­te­cer na Europa do Euro é, sim­ples­mente, um dos maiores logros de toda a história da humanidade e tem como con­se­quên­cia últi­ma a sub­ju­gação dos país­es mais fra­cos pelos mais fortes!

O exces­so de divi­da só foi pos­sív­el porque os lid­eres europeus deixaram que se acred­i­tasse pia­mente que o fac­to de exi­s­tir uma moe­da comum pres­supun­ha um risco sober­a­no igual para todos os país­es per­ten­centes á moe­da úni­ca. Isto fez desa­pare­cer os lim­ites nat­u­rais ao endi­vi­da­men­to que cada país tin­ha quan­do pos­suía uma moe­da própria. Só assim, foi pos­sív­el acu­mu­lar a divi­da que os país­es per­iféri­cos acu­mu­la­ram, porque, de out­ra for­ma, ninguém lhes teria empresta­do din­heiro ao pon­to de chegar aos actu­ais níveis de endividamento.

Ago­ra que os ratos entraram na gaio­la atrás do quei­jo, a por­ta fechou-se trás deles e só lhes res­ta per­manecer no lab­o­ratório para que pos­sam ser tes­tadas as políti­cas macro­económi­cas (a bem do pro­gres­so da ciên­cia económica).

Em resumo, os ver­dadeiros cul­pa­dos des­ta situ­ação, são:
i) em primeira lin­ha, os lid­eres europeus, que não só sabi­am dis­to, como provo­caram delib­er­ada­mente esta situ­ação, ten­do em vista con­seguir a trans­fer­ên­cia de sobera­nia dos país­es per­iféri­cos para o cen­tro da Europa (o que está a suced­er de for­ma acelerada)!
ii) O políti­cos locais porque ao endi­vi­darem-se sem lim­ite, ben­e­fi­cian­do lóbis e ami­gos que os havi­am de recon­duzir num próx­i­mo manda­to, desem­pen­haram, na per­feição, o papel do rato atrás do queijo!

Ago­ra con­tin­u­amos a cor­rer atrás do quei­jo, den­tro de uma gaio­la cilín­dri­ca, provo­can­do mais recessão e sem nun­ca o con­seguir alcançar!

A meu ver, a úni­ca solução pos­sív­el, pas­sa não pela desval­oriza­ção fis­cal dos salários, já de si, os mais baixos da Europa, mas sim pela desval­oriza­ção das dívidas.

O que nós todos temos que exi­gir é que o BCE seja o Ban­co Cen­tral do Euro e não ape­nas da Ale­man­ha! A desval­oriza­ção das dívi­das, através do aumen­to da mas­sa mon­etária em cir­cu­lação é, quan­to a mim, a úni­ca solução pos­sív­el para a crise das divi­das sober­anas. Já está mais do que prova­do que a políti­ca de “casa rouba­da tran­cas à por­ta” não funciona!

Assim, sem pre­juí­zo da imple­men­tação das regras necessárias para uma boa dis­ci­plina orça­men­tal, a solução para o prob­le­ma actu­al não está em Por­tu­gal e na aus­teri­dade. Está antes:

  1. Na políti­ca que o BCE ven­ha a seguir nos próx­i­mos meses ( Inflação, precisa-se!)
  2. Na crim­i­nal­iza­ção dos políti­cos pre­var­i­cadores (faze­dores de auto-estradas, rotun­das, polidesportivos e afins) para servirem de exemplo.
  3. Na elim­i­nação da cor­rupção exis­tente nos Órgãos do Estado
  4. Na mel­ho­ria da qual­i­dade de gestão de serviços, empre­sas e organ­is­mos públi­cos (reduzin­do o seu âmbito ape­nas ao que for estri­ta­mente necessário).
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