Há umas semanas fui obrigado a andar de transportes públicos.
Já há muito que não o fazia…
Confesso que não tenho saudades das, agora maiores, longas caminhadas, mas não posso dizer que não gosto, no geral.
Nos transportes públicos pode-se ler, jornais, livros, navegar na Internet, ouvir música, que nos isola quase por completo do exterior, enquanto não chegamos ao nosso destino.
Não é dentro de um carro, no trânsito, muitas vezes pára arranca, que se sente o pulsar de uma cidade; é nos transportes públicos. Umas pessoas apressadas, outras calmas, que ficam para trás nas filas para os pórticos de saída, umas com ar feliz, outras tristes, outras resignadas, mas sempre com deslocando-se no mesmo sentido, a maior parte tomando sempre o mesmo percurso, de casa para o trabalho.
À noite, o percurso inverte-se, e as caras mostram-se cansadas, mais felizes por ir para casa, mas sempre resignadas com a rotina do dia-a-dia.
Nos transportes públicos vêm-se novos, velhos e assim assim; nas horas de ponta chegamo-nos a sentir como sardinhas enlatadas, tal a quantidade de pessoas que se acumulam nos comboios ou no metro, já demasiado atrasadas para poderem apanhar o seguinte.
Sentem-se cheiros, uns agradáveis, outros nem por isso.
Mas não há nada que se compare à tranquilidade algo inquieta, estranha, contraditória, dos transportes públicos.